segunda-feira, 7 de julho de 2008

Abandonados no altar

I capítulo
Prólogo
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Era uma vez uma quinta que se encontrava em clara decadência e cada vez mais próxima do fim. Essa quinta era gerida por um Professor Regedor que se predispôs nessa tarefa com o claro propósito de se afirmar, perante a comunidade, com manifestos objectivos políticos.
Durante cerca de cinco anos a sua gestão foi vista como exemplar. O seu cartel obtinha desempenhos que honravam o bom-nome da quinta a nível distrital. Porém, com investimentos cada vez maiores, a bolha rebentou e a quinta quase veio por água abaixo. Então, o desamparado Professor Regedor não teve outra alternativa senão entregar as chaves da herdade cinquentenária ao alcaide da vila.
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II Capítulo
O Renascimento
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Durante esses tempos temeu-se o pior... Até que um grupo de cerca de uma vintena de amantes da quinta decidiram tentar resolver o imbróglio criado. Auscultaram os problemas da fazenda e deitaram mãos à obra. Criaram uma comissão de gestão da quinta e foram em frente...
Meses passaram e a quinta já respirava. Era então altura de se avançar para uma direcção capaz de devolver a quinta à comunidade que a envolvia. A comissão passou a direcção sob a presidência de um homem que caiu quase de pára-quedas neste problema. Amante do clube desde sempre, encontrava-se algo desligado da causa. Todavia, a paixão antiga falou mais alto ao seu coração e aceitou o desafio de reerguer a nobre quinta mais importante da região.
Viviam-se momentos difíceis... o ar abundava nos cofres da herdade. Era urgente fazer algo. A quinta estava decadente. A arena era ainda de uma obsoleta terra batida, o seu bar estava devoluto, os cavaleiros de todas as idades faziam-se transportar em machimbumbos perigosos e muitos eram os credores da fazenda.
Um por um, os problemas foram sendo resolvidos. A arena passou a contar com o colorido de uma relva sintéctica, o bar foi modernizado e tornado rentável, os cavaleiros são agora transportados em modernas carrinhas e os credores sabem que mais tarde ou mais cedo receberão o seu.
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III Capítulo
O Caseiro entra em cena
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Os anos passaram e a quinta foi ganhando pujança. As suas condições eram agora incomparáveis no panorama da região. O número de jovens praticantes duplicou e os artistas principais são de maior gabarito, dignos das melhores praças do Ribatejo.
O braço direito do Presidente da quinta foi nomeado Caseiro da herdade. Com salário próprio e muitas regalias. Assim, o agora Caseiro da quinta acumulava estas funções com as que detinha anteriormente: responsável pela organização do cartel que concorria nas feiras do distrito. No desempenhar desta função, o Caseiro foi sempre exemplar e os resultados obtidos não envergonhavam o brasão da herdade. Contudo, este queria sempre mais e mais e mais e mais...
Uma nova época começou e com ela veio a aposta em brilhar cada vez mais e mais e mais alto, a todo o custo. Do alto da sua ingenuidade o Presidente anuiu a todas as exigências do Caseiro. Para começar, um orçamento altíssimo que previa um forte assédio aos cavaleiros das herdades vizinhas. Tudo correu que nem ginjas (fruto muito apreciado por uma personagem que entrará mais adiante... esperemos então!). Os bons cavaleiros aceitaram integrar a equipa a troco de salários mais altos que o mínimo nacional. Estaria a quinta preparada para isto? Mais tarde se veria que não...
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IV Capítulo
O Declínio do Caseiro
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A época começou e o Caseiro começava a dar sinais de incompetência nas suas funções de bem guardar a quinta. Chamado à atenção pelo presidente foi lesto em se abeirar de outros dois campinos propondo-lhes um pagamento para que estes fizessem o seu trabalho. A um jurou pagar-lhe se limpasse as cavalariças na vez dele. Ao outro prometeu-lhe uma compensação se este cuidasse das bancadas em sua vez...
Os dois campinos não aceitaram os presentes envenenados e queixaram-se à direcção da quinta. Então, o Presidente não teve alternativa senão chamar (mais uma vez) o Caseiro à razão, dizendo-lhe que assim não podia continuar nesse cargo.
O Caseiro, certo de que o Presidente iria cumprir a sua ameaça tratou de encontrar solução para o seu problema. Enquanto isso, o seu cartel de artistas seguia de desaire em desaire, sob o comando de um Professor Vaidoso sem pejo de atirar as suas culpas para cima de jovens artistas treinados por si, na comunicação social. Entretanto o Caseiro teve de recorrer a empréstimos na ordem dos dez mil euros pois (vá-se lá saber porquê...) o orçamento rebentou ainda a época ia a meio...
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V Capítulo
Os "facadas"
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O novo assalariado da quinta tratou de criar divisões internas com o propósito de armar um golpe de estado capaz de roubar o poder ao Presidente que tanto o incomodava (também que raio de ideia de ao fim de trinta anos quereres pôr o rapaz finalmente a fazer algum...ai ai).
Nesta missão, rasteira de carácter, o Caseiro entendeu por bem começar por denegrir a imagem do Presidente. Depois fez-se rodear pelos seus mais fiéis seguidores: O Fiel Amigo, o Escuteiro Ambulante, o Professor Vaidoso e o Maria-vai-com-as-outras. O passo seguinte foi encontrar alguém capaz de fazer frente ao Presidente. Essa tarefa coube ao Doutor-(fora)-da-lei. Devidamente envenenado (quiçá com ginjas a mais), o Doutor-(fora)-da-lei correu os pastos da região auto proclamando-se como o novo Presidente da herdade.
A trama foi ganhando proporções inimagináveis e o Presidente foi acusado dos mais graves crimes contra a quinta em seu proveito próprio.
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VI Capítulo
O Dia da Boda
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Finalmente, o dia do golpe chegou. Na sede da herdade reuniam-se os seus sócios para as eleições de uma nova direcção. De um lado o antigo Presidente, acompanhado por quem sempre serviu o clube e nunca se serviu dele. Do outro, o grupo dos “Facadas”, liderado pelo Doutor-(fora)-da-lei e seus compinchas.
A sessão magna começou com um belo discurso do Doutor-(fora)-da-lei. A sua prosa emocionava os seus fãs (é assim que se escreve oh mulas!)... mas eis senão quando o Doutor-(fora)-da-lei decide desistir deste casamento deixando as suas noivas abandonadas em pleno altar...
A partir deste dia, a quinta nunca mais teve sossego. O Caseiro, ainda atordoado com o abandono no altar, fez-se rodear pelos seus fieis numa luta baixa e de muito mau tom, engraçada até... (ver desportourem.blogspot.com). Com a preciosa ajuda do seu irmão, o Escuteiro Ambulante, mestre em todo o tipo de blogues, desde (pouco) informativos aos mais românticos, enfim um pouco na senda da monstruosa colecção de vídeos xxx que outrora exibia nas prateleiras do seu quarto... Juntos e com o auxílio de outros como o Maria-vai-com-as-outras, construíram um blogue de ataques cobardes sob a capa de um nome elucidativo do seu QI: Admistração...
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VII Capítulo
Epílogo
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Do Doutor-(fora)-da-lei nunca mais houve sinais... Quanto à noiva abandonada no altar, continua juntamente com as suas madrinhas na espinhosa missão de denegrir a imagem da quinta e de todos os que colaboram com ela...
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“Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.”